As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 250 / 274

Mas, nessa altura, dá-se o seu regresso repentino e a troca de quartos, sem aviso prévio, passando a haver lá sempre alguém que o impedia de recuperar o seu tesouro. A situação deve ter-lhe sido de enlouquecer, até que, por fim, julgou chegada a sua oportunidade. Tentou roubá-los, mas viu os seus desejos frustrados pela sua insónia; o senhor deve lembrar-se de que não tinha tomado a sua beberagem habitual naquela noite.

- Perfeitamente.

- Eu, por mim, estou convencido de que ele providenciou para que você tomasse uma dose substancial e que agiu apoiado inteiramente no seu estado de inconsciência. É claro que vi logo que ele repetiria a tentativa, desde que pudesse fazê-lo com segurança, e a sua saída do quarto ofereceu-lhe a oportunidade desejada. Conservei Miss Harrison lá durante todo o dia para que ele não se nos antecipasse, mas, tendo-o convencido de que o caminho estava livre, pus-me de atalaia, como já descrevi. Eu sabia, quase sem possibilidade de errar, que os documentos estavam escondidos naquele quarto, mas não estava disposto a arrancar todo o soalho e os rodapés à procura deles. Deixei que ele os tirasse pois do esconderijo, e assim poupei-me a um mar de dificuldades. Resta mais algum ponto por esclarecer?

- Por que é que Harrison, da primeira vez, tentou a janela, quando podia entrar pela porta? - perguntei.

- Porque, para chegar à porta, teria de passar por sete quartos de cama. Por outro lado, em caso de fuga precipitada, seria infinitamente mais fácil e seguro fugir pela relva. Alguma coisa mais?

- Não pensa - perguntou Phelps - que ele tivesse intenções assassinas, pois não? A faca era apenas um instrumento para forçar os ferrolhos.

- Talvez tivesse - respondeu Holmes, encolhendo os ombros.





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