- Meu Deus!» - exclamei. - Que susto me pregou...
- É ainda necessária toda a precaução - cochichou. - Tenho razões para pensar que eles estão na nossa pista. Olhe, lá está Moriarty em pessoa.
O comboio tinha já começado a mover-se quando Holmes falou.
Olhando para trás, vi um homem alto a tentar furiosamente abrir caminho por entre as pessoas e a acenar como se desejasse fazer parar a composição. Mas era já demasiado tarde, porque esta ganhou velocidade e, como uma flecha, deixou para trás a estação.
- Está a ver? Com todas as nossas precauções, safámo-nos por um triz - disse Holmes com uma risada.
Levantou-se e tirou a batina e o chapéu que haviam constituído o seu disfarce e guardou-os, com cuidado, numa pequena mala de mão.
- Viu o jornal da manhã, Watson?
- Não. Passou-se alguma coisa?
- Então não sabe nada de Baker Street?
- Baker Street?
- Deitaram-nos fogo à casa, a noite passada. Não houve danos de maior.
- Céus, Holmes! Isso é intolerável.
- Devem ter perdido a pista depois de o homem do cacete ter sido preso, mas não devem ter cometido o erro de pensar que eu voltaria a casa. Entretanto, é possível que a tenham revistado de alto a baixo e foi isso que trouxe Moriarty à estação de Vitória. Você cometeu algum erro na sua vinda para aqui?
- Fiz exactamente o que você me recomendou.
- O seu carro esperava-o?
- Sim, lá estava à espera.
- Reconheceu o cocheiro?
- Não.
- Era o meu irmão Mycroft. É uma vantagem não recorrer a mercenários, em certos casos. Mas agora precisamos de estudar bem o que vamos fazer em relação a Moriarty.
- Como este comboio é um expresso e o barco tem o horário combinado com o dele, parece-me que nos safámos de vez.