Todos pretendiam estar-lhe nas boas graças.
Além do poder secreto que exercia de maneira implacável, desempenhava as funções de conselheiro municipal e de encarregado da conservação das estradas, cargos estes que conquistara pelos votos de uns quantos patifes que, dessa maneira, pretendiam receber favores lucrativos.
Os impostos e as taxas na cidade eram exorbitantes, os serviços públicos estavam visivelmente descurados e as contas públicas andavam falsificadas por contabilistas e fiscais subornados, de maneira que o cidadão honesto, coagido pelo terror, via-se obrigado a pagar, para que nada de pior lhe acontecesse.
Por esse motivo, de ano para ano, Mac Ginty ostentava mais anéis e alfinetes de brilhantes e a corrente de ouro do relógio, que lhe ornava o colete, ia-se tornando mais comprida e pesada. O bar era ampliado todos os anos, ocupando uma casa vizinha, e parecia ameaçar absorver toda uma face da Praça do Mercado.
Com um empurrão, Mac Murdo abriu a porta, de vaivém do bar e penetrou no salão por entre os homens que o enchiam, num ambiente saturado de fumo e de cheiro a álcool.
O vasto bar estava brilhantemente iluminado e os enormes espelhos dourados, espalhados em redor, nas paredes, multiplicavam a luz dos lustres.
Vários criados, de mangas arregaçadas, atarefavam-se a servir os clientes ociosos que se alinhavam ao balcão ou se achavam espalhados pelas mesas.
A um dos cantos do balcão, via-se um homem alto, musculoso e maciço, com um charuto nos dentes, a um dos lados da boca. Não podia ser outro, senão o famoso Mac Ginty.
Era um gigante de cabeleira negra, com barba até às maçãs do rosto. Uma mecha de cabelo caía-lhe sobre o colarinho. Era tão escuro como um italiano e os seus olhos negros, estranhamente sem brilho e ligeiramente estrábicos, davam-lhe um aspecto sinistro.