Camões - Cap. 7: CANTO SÉTIMO Pág. 118 / 177

»

- «Sim, quero ouvi-lo,

Quero e desejo: não ignoro o preço

Das boas letras, nem dum raro engenho

A estima desvalio: em prol da pátria

Uns obramos coa espada; cumpre a outros

Coa pena honrá-la.»

- «Se honra a minha pena

Real senhor, a minha amada pátria,

Di-lo-ão sabedores e letrados.

Para servi-la... espada e braço tenho

Que por si falarão.»

- «Digna resposta

De português! Honrado sois, amigo.

Por tal vos tenho e quero; e abonos vejo

Em vosso rosto que voltar não usa

Da face do inimigo. - É este (disse,

Falando aos cortesãos) de quantos d’Ásia

Aqui vêm, o primeiro que não fala

Em suas cicatrizes.»

- «Bastas eram,

Senhor, as de Pacheco, e...»

- Eu não ignoro»

Asperamente el-rei o interrompia

«Os feitos de Pacheco.»

X

Olhos pasmados

Os cortesãos cravaram no soldado

Que tão crua verdade se afoitava

A proferir ali; algum já cuida

Que de escuro castelo a torre o aguarda,

Ou que ao menos.





Os capítulos deste livro