Camões - Cap. 7: CANTO SÉTIMO Pág. 128 / 177

gemer, que os namorados

Ais do prazer ouviste pela selva

Que encobriu tanto amor, tanta ventura

Em tempos de mais dita; que escutaste

Os magoados suspiros da saudade,

Quando ausente daquele por quem vive,

Só, gemedora rola, vai carpindo

A ausência do seu bem, do seu amado,

E aos montes, às ervinhas ensinando

O nome que no peito escrito tinha;

Que depois, memorando a morte escura,

Longo tempo das urnas cristalinas

Só lágrimas formosas derramastes,

E, por memória, em fonte convertidas,

O nome lhe pusestes, que inda dura,

Dos amores de Ignês que ali passaram;

Vós ao vate os segredos recontastes,

Os mistérios d’amor, e o pranto, as queixas

Da malfadada Castro. - A lira anseio-lhe,

A voz carpe-se, os tons gemem tão meigos,

Mas tão cortados de uma dor tão viva,

Que é um partir-se o coração de ouvi-los.





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