Cristãos, mercê de Deus, somos nós todos
Quantos somos aqui. E ao céu não praza
Que um cavaleiro português arranque
Contra seu natural armas de sangue.
Perdoai as lhanezas de um soldado
Que cercos também viu, e jogou lanças
Com mouros e gentios: - neste velho
Corpo nem sempre andou burel de monge;
Malha também vestiu... - mas uma espada
Ou na batalha em mãos de cavaleiros,
Ou fora dela a rufiões só cabe».
- «Tão covarde não sou que a tal contrário...»
Balbuciou, serenando o cavaleiro:
«Mas» - e de novo a voz se lhe animava,
«Mas o meu Jau fiel, o meu amigo,
Único amigo!»
- «Honra-vos dizê-lo,
Honra-vos, cavaleiro» torna o velho,
«Que andrajos e pobreza vos não pejam,
E ousais chamar amigo ao desgraçado.
Mas, filho... mas, senhor, não há bom feito
Que justifique um mau.