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Ao duro nauta
Voltando-se lhe diz:
- «Amigo, é justo
O que pede este nobre cavaleiro.
Duros de coração Deus não ajuda.
Que pesa o pobre escravo? Ir-me-ei a bordo,
E o meu lugar lhe cederei com gosto.
Que tem? Filho de Deus como nós somos.
Mal enroupado? Corações bem nobres
Encobre amiúde o saio remendado.
Se o cavaleiro te ofendeu, seguro
Que não é ele de negar o justo
A quem devido for.»
- «Não sou por certo:»
O guerreiro acudiu; e mal pesada
Tirou pequena bolsa:
- «Aí tendes, mestre;
Poucos pardaus contém... (Menos me ficam,
Talvez nenhuns...» em tom mais baixo e trémulo,
Quase de não se ouvir; nem certo o ouviram.)
«Porém daqui à praia não vai muito,
E a passagem do Jau...»
- «Guarda a tua bolsa»
Ruda interpôs a voz rouca do nauta,
«Cavaleiro orgulhoso; tanto quero
Os teus pardaus, como a tua espada temo.