Na pedregosa encosta da montanha
Que os mouriscos torreões inda coroam,
Assim cantava aos sossegados ventos,
Qual moribundo cisne gorjeando
Pelas ribas do Eurotas. Parecia
Que manso pelas auras suspirava
A enternecida Inês, vendo seu vate,
Seu imortal cantor gemer como ela.
Ele uma seca, emurchecida c’roa
De desfolhadas rosas apertava
No ansiado peito: a fio e fio as lágrimas
- Embalde! sobre as flores ressequidas
Corriam da grinalda; o acre do pranto
Mais lhe queimava a tez: não torna ao viço
Flor que poisou na loisa do sepulcro.
IX
Nascia o sol: a névoa que rebuça
De húmido manto os cumes das montanhas
No alvorecer do dia, em véu ligeiro
Rara se adelgaçava; resplendiam
No sossegado mar os doces raios
Da recém-nada luz.