O Principezinho - Cap. 27: Capítulo 27 Pág. 72 / 78

- Então! Isso é que foi ter medo!

Voltei a sentir-me gelado pela sensação do irreparável. E tive consciência de que me era insuportável pensar que nunca mais ouviria aquele riso. Para mim, era como uma fonte no meio do deserto.

- Quero ouvir-te rir mais uma vez, meu rapazinho!

Mas ele disse:

- Esta noite vai fazer um ano. A minha estrela há-de estar precisamente por cima do lugar onde eu caí no ano passado...

- Ora ouve lá: essa história da serpente e de tu ires ter com ela e da estrela é tudo um sonho mau, não é?

Mas ele não respondeu à minha pergunta. Disse:

- O que é importante, não se vê...

- Pois não...

- É como com a flor. Quando se ama uma flor que está plantada numa estrela, é bom olhar para o céu, à noite. É que todas as estrelas ficam floridas...

- Pois ficam...

- E é como com a água. A que tu me deste de beber era como uma música, por causa da roldana e da corda... Lembras-te?.. Era tão boa!

- Pois era...

- Depois, à noite, pões-te a olhar para as estrelas. A minha é pequenina demais para se ver daqui. Mas é melhor assim: para ti, a minha estrela vai ser uma estrela qualquer. Assim gostas de olhar para as estrelas todas... Todas elas serão tuas amigas. E agora vou dar-te uma prenda!

E voltou a rir.

- Ah, meu menino, meu menino, como eu gosto de ouvir esse teu riso!





Os capítulos deste livro