- É precisamente a minha prenda... É como com a água...
- O que é que isso quer dizer?
- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para os viajantes, as estrelas são guias. Para outros, não passam de luzinhas. Para outros, os cientistas, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Mas todas essas estrelas estão caladas. Tu, tu vais ter estrelas como mais ninguém...
- O que é que isso quer dizer?
- À noite, pões-te a olhar para o céu e, como eu moro numa delas, como eu me estou a rir numa delas, para ti, é como se todas as estrelas se rissem! Vais ser a única pessoa no mundo que tem estrelas capazes de rir!
E voltou a rir.
- E quando te tiveres consolado (porque acabamos sempre por nos consolar), hás-de sentir-te muito contente por me teres conhecido. Hás-de ser sempre meu amigo. Vai-te apetecer rir comigo. E, às vezes, sem mais nem menos, vai-te dar para abrir a janela, só porque é bom... E os teus amigos hão-de ficar de boca aberta quando te ouvirem rir a olhar para o céu. Mas tu. dizes-lhes: "Pois é! As estrelas sempre me deram vontade de rir!" E eles ficam a pensar que tu estás maluco. Rica partida que eu te vou pregar, não é?
E voltou a rir.
- É como se, em vez de estrelas, eu te desse quinhentos milhões de guizinhos capazes de rir!
E voltou a rir. Depois, fez-se sério e disse:
- Esta noite... Vê lá se percebes... Não venhas comigo.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!