- Acompanhas-me a casa? - perguntou, quando se apearam na estação de Paddington.
- Se não te importas de ir a pé. Não tenho dinheiro para transportes, como sabes.
- Mas deixa-me pagar o autocarro. Bem, suponho que é inútil insistir. Como vais depois para a pensão? - A pé, também. Conheço bem o caminho. Aliás, não é muito longe.
- Custa-me imaginar-te a calcorrear toda essa distância. Pareces tão cansado! Vá, deixa-me pagar-te o bilhete. Por favor!
- Não. Já me pagaste mais do que devias.
- És tão pateta, meu Deus!
Detiveram-se à entrada do metropolitano e ele pegou na mão de Rosemary.
- Acho que temos de nos despedir.
- Adeus, Gordon querido. Mil vezes obrigada pelo passeio. Divertimo-nos tanto, de manhã!
- Ah, de manhã! Sim, então era diferente. - O espírito dele recuou às horas matinais, quando percorriam a estrada sós e ainda tinha dinheiro no bolso.
Acudiu-lhe uma profunda sensação de pesar. De um modo geral, comportara-se- de forma pouco satisfatória. Exercendo certa pressão na mão que Rosemary lhe estendia, perguntou:
- Estás zangada comigo.
- Não, tonto. É claro que não.
- Não era minha intenção tratar-te com aspereza. Foi pelo dinheiro. É sempre o dinheiro a causa.
- Deixa lá. Correrá tudo melhor, na próxima vez. Iremos a um lugar mais agradável. A Brighton, para um fim-de-semana, ou outro sítio qualquer.
- Talvez, quando eu tiver dinheiro. Escreves em breve?