Tinha já uma sede quase avassaladora. Fora um erro deixar o pensamento orientar-se para a cerveja. Quando se aproximava do Crichton, ouviu vozes a cantar. O enorme e pretensioso botequim parecia iluminado mais intensamente que de costume. Decorria um concerto ou algo do género nas suas entranhas. Vinte sonoras vozes masculinas entoavam em uníssono:
Ele é um fulano porreiro
Ele é um fulano porteiro,
Ele é um fulano Por-REI-RO
E o resto são cantigas!
Pelo menos, era isso que parecia. Gordon acercou-se mais, dominado por sede irresistível.
As vozes estavam tão encharcadas, tão infinitamente encervejadas... Quem as ouvia descortinava os rostos avermelhados de funileiros prósperos. Havia uma sala privada atrás do balcão, onde os Búfalos realizavam os seus conclaves secretos. Eram, sem dúvida, eles que cantavam. Ofereciam algum beberete comemorativo ao seu presidente, secretário, Grande Herbívoro, ou como quer que lhe chamassem. Gordon hesitou à entrada do bar. Talvez fosse preferível dirigir-se à sala pública. Cerveja em caneca no bar público, engarrafada no privado. Por conseguinte', encaminhou-se para o outro lado do botequim. As vozes alagadas em cerveja seguiram-no:
E o resto são cantigas,
E o resto são cantigas!
Porque ele é um fulano porreiro,
Ele é um fulano porreiro...
Por um momento, sentiu-se como que aturdido. Mas tratava-se de cansaço e fome', além da sede. Podia imaginar a sala aconchegada onde os Búfalos cantavam - o lume intenso, a reluzente mesa grande e as fotografias bovinas na parede. Concebeu igualmente, quando o canto se interrompeu, vinte rostos avermelhados que desapareciam em canecas de cerveja.