Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: Capítulo 6

Página 91
Quilómetro após quilómetro de casas solitárias pouco atraentes, divididas em apartamentos e quartos simples - não eram lares, nem comunidades, mas somente aglomerados de vidas sem significado que vagueavam numa espécie de caos sonolento em direcção à sepultura! Viu homens que pareciam cadáveres ambulantes. A ideia de que se limitava a objectivar a sua própria amargura íntima quase não o preocupava. O pensamento retrocedeu à tarde de quarta-feira, quando desejara ouvir aviões inimigos a sobrevoar Londres. Pegou no braço de Ravelston e deteve-se para gesticular por baixo do cartaz do Mesa do Canto.

- Olhe para esta porcaria de coisa! Olhe-a bem!

Não lhe provoca vontade de vomitar?

- Concordo que é esteticamente ofensiva, embora não me pareça que interesse muito.

- Com certeza que interessa ver as paredes da cidade cheias de mamarrachos destes.

- Bem, trata-se meramente de um fenómeno temporário. O capitalismo na sua última fase. Duvido que mereça a pena apoquentarmo-nos com isso.

- Mas há mais. Repare na cara do fulano a olhar-nos! Vemos toda a nossa civilização escrita nela. A imbecilidade, o vazio, a desolação! Obriga-nos à pensar em cartas francesas e metralhadoras. Sabia que, o outro dia, desejei que rebentasse a guerra? Ansiava por ela... quase orei por ela.

- O pior é que cerca de metade dos jovens da Europa desejam a mesma coisa.

- Esperemos que sim. Então, talvez aconteça.

- Isso não, meu amigo! Uma vez bastou.

- A vida que hoje vivemos... - Recomeçou a caminhar, agitado. - Não é vida, mas estagnação, a morte em vida. Veja todas as detestáveis casas e pessoas sem rumo que contêm! Às vezes, penso que somos todos cadáveres. Vamos apodrecendo, apesar de nos movermos.

- O seu erro consiste em falar como se se tratasse de um mal incurável. Na realidade, é algo que tem de acontecer antes que o proletariado assuma o poder.

- Ora, o socialismo! Não me fale disso.

- Devia ler Marx, Gordon. Compreenderia então que isto não passa de uma fase. Não pode durar eternamente.

- Não? Pois dá a impressão de que durará eternamente.

<< Página Anterior

pág. 91 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 91

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251