Sangue Azul - Cap. 13: VOLUME II – 1 Pág. 138 / 287

Anne achou que teria tido vergonha se tivesse de dar a conhecer quanto pensava mais em Lyme, Louisa Musgrove e em todos os seus conhecimentos lá, quão mais interessantes para si eram o lar e a amizade dos Harville e do capitão Benwick do que a casa do seu próprio pai em Camden-place, ou a intimidade da sua própria irmã com Mrs. Clay. Teve, mesmo, de fazer um esforço para responder a Lady Russell com alguma coisa que se assemelhasse a solicitude igual à dela em tópicos que, pela sua natureza, lhe deveriam interessar mais a ela do que a qualquer outra pessoa.

Houve um pequeno constrangimento inicial ao abordarem outro assunto. Não puderam deixar de falar do acidente em Lyme, claro. Lady Russell ainda não tinha chegado há cinco minutos, na véspera, quando lhe fora feito um relato completo do sucedido. Mas mesmo assim o caso tinha de ser abordado, ela tinha de fazer perguntas, de lamentar a imprudência e manifestar pesar pelo resultado, e o nome do capitão Wentworth não pôde deixar de ser mencionado por ambas. Anne tinha consciência de que não o fez tão bem como Lady Russell. Não conseguiu proferir o nome e olhar a amiga nos olhos enquanto não recorreu ao expediente de lhe contar resumidamente o que pensava do afecto existente entre ele e Louisa. Dito isso, o nome dele deixou de a angustiar.

Lady Russell limitou-se a ouvir serenamente e a desejar-lhes felicidades; mas interiormente o seu coração deleitava-se num prazer agastado, num desdém satisfeito pelo facto de o homem que, aos vinte e três anos, parecera ter alguma noção do valor de Anne Elliot estar, oito anos depois, enfeitiçado por uma Louisa Musgrove.

Os primeiros três ou quatro dias passaram muito calmamente, sem nenhuma circunstância a assinalá-los, a não ser um ou dois bilhetes de Lyme, que chegaram às mãos de Anne sem que ela soubesse bem como e lhe trouxeram notícias bastante animadoras sobre o estado de Louisa.





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