– Que sentes?
– Espera! espera!
– Ouço gritos e vejo uma grande brancura! O que eu ouço! o que eu ouço de vozes!
– É a Árvore!
– Calem-se! calem-se!...
Calaram-se todos e depois durante um momento, sob o luar magnético tiveram a visão nítida duma floresta imensa... Viram a floresta prodigiosa, a floresta calada, sob o jorro. branco do luar. Silêncio e depois do silêncio corre um murmúrio que vinha de muito longe, agitou as folhas, trouxe consigo vozes de bichos, ruídos indistintos e por fim o vento carregado de pólen e a voz dum mar que se espraia. Tudo outra vez se imobilizou e ouvia-se cair o jorro do luar todo branco sobre a floresta impenetrável... O rumor dum bicho na folhagem tornou o silêncio mais profundo e mais sagrado. Na noite, e muito. ao longe, reluzia uma estrela enorme... Os desgraçados olhavam sufocados. Cheirava-lhes a terra, pressentiam outra vida desconhecida. Aquilo durou minutos – mas durante esses minutos alguns seres compreenderam, outros deram as mãos e as mulheres choravam. Só o homem que vivera sempre emparedado ficara mais desvairado depois da comunicação da Árvore e pregava aos desgraçados.
Viam-no curvar-se sobre os míseros e falar-lhes baixo, precipitado, rouco.