Outros... Casaram há muito. Pobre e sem mãe atiraram-na um dia para um colégio de órfãos, onde cresceu entre maus tratos. Riam-se dela. Era um aborto que crescia por caridade. Passava a vida na enfermaria e os médicos – acho que de propósito – livraram-na da morte, para que depois sofresse.
Encontro-a nas escadas, com as botas do homem, os cotovelos rotos, e magra e desleixada que faz piedade.
– O melhor tempo que eu vivi foi o da enfermaria.
Havia lá uma irmã que me beijava e fazia festas...
Mais felizes são os cães vadios, mais felizes, incomparavelmente, são as árvores O homem chega a casa e bate-lhe, faz-lhe tratos.
Se chora e se queixa desanca-a mais. E agora, como não dá palavra e só pensa: – Antes eu fosse para criada de servir! – ele quer que ela grite e chore.
Antes tu fosses para mulher da vida, digo-te eu!...
Esta manhã apareceu com os olhos inchados e pisaduras na cara. O vestido já lhe não serve. E como está frio, reparei, traz os pés metidos nos sapatões de homem, sem meias e roxos. Aprende na vida, sofre! Até à morte, até que te acabe de matar com maus tratos. As vezes, se ele sai, põe-se à janela, a cismar na irmã, que, quando caia doente, lhe dava beijos e lhe fazia festas – e pergunta:
– Porque não morri então?...
Cala-te e sofre. E até à morte, até o teu pobre corpo cair exausto e moído, negro de pancadas.
Este velho que pára nos patamares das escadas, gordo e mole, de cabelos brancos estacados, é o Gebo.
Todo curvo, olha com um olhar aguado e tonto.
– Ó Gebo!
E ele, erguendo o carão aflito:
– Anh?...
E como este, mais.