Cerca de dois meses antes do assassínio de Sir Danvers, tinha saído para uma das minhas aventuras, regressado a casa a uma hora tardia e acordado no dia seguinte com uma sensação algo estranha. Foi em vão que olhei à minha volta; em vão que vi o mobiliário distinto e as altas proporções do meu quarto na praceta; em vão que reconheci o padrão da colcha da cama e o desenho da sua estrutura de mogno; alguma coisa continuava a insistir que eu não me encontrava naquele local, que não acordara onde parecia estar, mas antes no quartinho de Soho onde estava habituado a dormir sob a forma de Edward Hyde. Sorri para mim próprio e, no meu estado psicológico, comecei indolentemente a sondar os elementos desta ilusão, chegando mesmo, de quando em quando, a recair num confortável sono matinal. Ainda estava desta forma ocupado quando, num dos momentos de maior vigília, o meu olhar se fixou numa das mãos. Ora a mão de Henry Jekyll (como tantas vezes assinalaste) era, tanto na forma como no tamanho, a de um profissional: grande, firme, branca e delicada.