Holmes acenou, recusando o elogio, embora o seu sorriso mostrasse que ele lhe agradara.
- Houve alguma coisa de interesse?
- Penso que não. Os ladrões saquearam a biblioteca e conseguiram muito pouco pelo seu trabalho. Todo o local foi revolvido. As gavetas e os armários foram arrombados, resultando no desaparecimento de um bizarro volume de Homero, tradução de Pope, dois candelabros de prata, um pisa-papéis de marfim, um pequeno barómetro de carvalho e um rolo de cordel.
- Que extraordinário conjunto! - exclamei.
- Oh! Evidentemente que eles levaram tudo o que puderam apanhar.
Holmes grunhiu do sofá.
- A polícia do condado precisava de ver isso - disse ele. Ora essa, é evidente, sem dúvida alguma, que...
Mas eu levantei o dedo em sinal de advertência:
- Meu caro, você está aqui para descansar. Por amor de Deus, não inicie outro problema quando tem os nervos em fiapos.
Holmes encolheu os ombros, com um olhar de cómica resignação para o coronel, e a conversação enveredou por caminhos menos perigosos.
Estava escrito, porém, que todo o meu cuidado profissional fosse tempo perdido, porque na manhã seguinte o problema impôs-se-nos de maneira tal que foi impossível ignorá-lo. E a nossa estada na província tomou um rumo que nenhum de nós podia prever. Tomávamos o café matinal quando o mordomo do coronel entrou na sala sem qualquer cerimónia.
- Ouviu as notícias, senhor?! - arfou ele. - Nos Cunninghams, senhor!
- Roubo? - indagou o coronel, com a xícara de café a meio caminho da boca.
- Assassinato!
O coronel assobiou.
- Por Júpiter! Quem morreu então! O juiz de paz ou o filho?
- Nenhum deles, senhor.