As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 6: O Enigma de Reigate Pág. 132 / 274

Horrorizados com a rapidez e a violência do ataque, levámo-lo para a cozinha, onde o estirámos numa cadeira de repouso, ficando a arquejar durante alguns minutos. Finalmente, desculpando-se da sua fraqueza e com uma expressão de vergonha, levantou-se outra vez.

- Watson pode dizer-lhes que acabo de me restabelecer de uma grande doença - explicou-lhes. - Estou sujeito a estes repentinos ataques de nervos.

- Mandá-lo-ei levar a casa de carro - propôs o velho Cunningham.

- Ora, visto que já aqui estou, quero ver uns pormenores de que gostaria muito de me certificar. Podemos verificá-los muito facilmente.

- O que é?

- Ora, parece-me muito possível que a chegada desse pobre William não tenha sido antes, mas depois, de o ladrão entrar na casa.

O senhor parece estar certo de que, embora a porta fosse arrombada, o ladrão nunca entrou na casa.

- Penso que é muito claro - disse Mr. Cunningham com gravidade. - Visto que o meu filho Alec não tinha ainda ido deitar-se, certamente teria ouvido alguém a andar por aí.

- Onde estava ele sentado?

- Eu estava a fumar no meu quarto de vestir.

- Em que janela?

- A última à esquerda, perto da do meu pai.

- Certamente ambas as velas estavam acesas?

- Sem dúvida alguma.

- Há aqui pontos muito curiosos - disse Holmes, sorrindo. - Não é extraordinário que um ladrão... e um ladrão que já tenha experiência prévia, entrasse deliberadamente numa casa no momento em que podia ver pela luz acesa que dois membros da família ainda estavam a pé?

- Ele deve ter agido com audácia e sangue-frio.

- Claro que se o caso não fosse esquisito, não lhe teríamos pedido auxílio - disse Mr. Alec. - Mas quanto à sua ideia de que o homem teria roubado a casa antes de William o atacar, julgo-a muito absurda.





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