As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 6: O Enigma de Reigate Pág. 131 / 274

Passámos pela casinha onde morara o cocheiro e subimos uma alameda orlada de carvalhos até uma bonita casa do tempo da rainha Ana, que ostentava a data da batalha de Malplaquet no lintel da porta. Holmes e o inspector fizeram-nos contorná-la até chegarmos a um portão lateral, separado da cerca que ladeia a estrada por um trecho de jardim. Um polícia que estava de guarda ficou à porta da cozinha.

- Abra a porta, oficial- disse Holmes. - Ora, foi nesta escada que o jovem Mr. Cunningham esteve e viu os dois a lutar, justamente onde nós estamos. O velho Cunningham estava naquela janela... a segunda à esquerda, e viu o indivíduo desaparecer à esquerda daquela moita. O filho também. Ambos estão certos disso por causa da moita. Então Mr. Alec saiu a correr e ajoelhou-se ao lado do ferido. O chão está muito duro, como vêem, e não há rastos para nos guiarem.

Enquanto falava, dois homens desceram o passeio do jardim, rodeando a esquina da casa. Um era velho, de semblante grave, olhos fundos e tristes; o outro era um jovem impetuoso, cuja expressão brilhante e sorridente e a roupa esplêndida faziam um contraste estranho com o que ali nos trouxera.

- Ainda continua com isso? - disse ele a Holmes. - Pensei que os londrinos nunca falhassem. E afinal o senhor não me parece assim tão rápido.

- Ah!, é preciso dar-nos um pouco mais de tempo - respondeu Holmes, bem-humorado.

- Como quiser - disse o jovem Cunningham. - Mas não vejo que haja qualquer pista.

- Há apenas uma - respondeu o inspector. - Pensamos que se ao menos pudéssemos descobrir... Céus! O que é que tem, Mr. Holmes?

O rosto do meu pobre amigo apresentou de repente a mais terrível expressão. Os seus olhos viraram-se para cima, o seu rosto contraiu-se numa agonia e, com um gemido sufocado, caiu com o rosto no chão.





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