As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 6: O Enigma de Reigate Pág. 133 / 274

Não teríamos encontrado o local desarrumado e dado pela falta dos objectos que ele levasse?

- Depende das coisas que fossem - respondeu Holmes. - O senhor deve lembrar-se de que estamos a lidar com um ladrão muito especial e que parece ter linhas próprias de acção. Olhe, por exemplo, para o rol de coisas esquisitas que levou da casa de Acton: o que eram? Um novelo de cordel, um pisa-papéis e não sei que outras bugigangas!

- Bem, estamos inteiramente nas suas mãos, Mr. Holmes - disse o velho Cunningham. - Tudo o que o senhor ou o inspector sugerirem será feito imediatamente.

- Em primeiro lugar - disse Holmes -, gostaria que o senhor oferecesse uma recompensa... como coisa sua, para que os funcionários não percam muito tempo a discutir a respectiva quantia, pois estas coisas não se fazem a correr. Já rascunhei aqui o anúncio, se o senhor não vir inconveniente em o assinar. Cinquenta libras são suficientes, penso eu.

- Eu daria de boa vontade cem libras - respondeu o juiz de paz, pegando na tira de papel e no lápis que Holmes lhe oferecia.

- No entanto, isto não está certo - disse ele, olhando para o documento.

- Escrevi-o muito à pressa.

- Como vê, o senhor começa assim: «Cerca da uma menos um quarto, na noite de terça-feira, foi feita uma tentativa...», e assim por diante. Na realidade, era um quarto para a meia-noite.

Fiquei angustiado com o engano, porque sabia como Holmes se havia de sentir com um deslize dessa natureza. A exactidão nos factos era a sua especialidade. Mas a sua recente doença abalara-o e era um incidente que, embora insignificante, me mostrava que ele ainda estava longe de ser o mesmo. Ficou claramente embaraçado por um instante.





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