As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 16 / 274

- Não, Mrs. Straker; mas Sr. Holmes veio de Londres para nos auxiliar e faremos tudo o que nos for possível.

- Parece-me que já a vi, uma vez, em Plymouth, numa feira, Mrs. Straker, há algum tempo - disse Holmes.

- Não. O senhor está com certeza enganado.

- Por amor de Deus! Podia até jurá-lo. A senhora levava um vestido de seda cor de pomba, enfeitado com penas de avestruz.

- Nunca tive semelhante vestido - respondeu a senhora.

- Bem, então é porque me enganei - atalhou Holmes; e, apresentando desculpas, saiu com o inspector. Uma rápida caminhada pela charneca levou-nos à cova onde fora encontrado o corpo. Ao lado, havia uma moita de urzes onde a capa estivera dependurada.

- Parece-me que não houve vento naquela noite - opinou Holmes.

- Nenhum, mas uma chuva pesada.

- Nesse caso, a capa não voou contra a moita, mas foi lá colocada.

- É verdade. Estava em cima da moita.

- Estou interessadíssimo. Notei que o chão tinha sido muito pisado. Não há dúvida de que muitos pés passaram por lá desde a noite de segunda-feira.

- Foi posto aqui, de lado, um pedaço de esteira e todos nós o temos pisado.

- Excelente.

- Nesta sacola tenho uma das botas que Straker usava, um dos sapatos de Fitzroy Simpson e a ferradura perdida do Estrela de Prata.

- Meu caro inspector, o senhor excede-se.

Holmes pegou na sacola e descendo à cova colocou a esteira numa posição mais central. Depois, estendendo-se sobre o resto e apoiando o queixo nas mãos, fez um estudo cuidadoso do barro pisado à sua frente.

- Elá! - exclamou de repente. - O que é isto?

Tratava-se de um fósforo de cera meio queimado, tão revestido de barro que parecia, à primeira vista, uma lasquita de madeira.





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