As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 15 / 274

, Londres.

- É uma faca muito singular - disse Holmes, levantando-a e examinando-a detalhadamente. - Creio, devido às manchas de sangue que tem, que se trata da que foi encontrada na mão do morto. Watson, parece-me que esta faca faz parte da sua profissão.

- É aquilo a que chamamos um bisturi de cataratas - disse.

- Assim penso. Uma lâmina muito delicada concebida para um trabalho igualmente delicado. É uma coisa estranha para ser levada numa expedição vulgar, especialmente quando não se conserva fechada no bolso.

- A ponta estava protegida por um disco de cortiça que encontrámos ao lado do corpo. A sua mulher disse-me que a faca tinha estado, durante alguns dias, na casa de banho e que ele a levara quando saiu. Era uma arma pobre, mas talvez a melhor a que, no momento, pôde deitar a mão.

- É muito possível. Mas, e esses papéis?

- Três deles são recibos de fornecedores de feno. Outro é uma carta com instruções do coronel Ross. Isto é uma conta da modista, de trinta e sete libras e quinze xelins, passada por Madame Lesuier, de Bond Street, a William Derbyshire. A senhora Straker disse-nos que Derbyshire era um amigo do seu marido e que, por vezes, as cartas dele vinham endereçadas para aqui.

- A senhora Derbyshire tinha gostos um tanto dispendiosos observou Holmes, examinando a conta. - Vinte guinéus é muito por um vestido só. Entretanto, parece não haver mais nada de interesse e creio que podemos descer ao local do crime.

Quando saíamos da sala de estar, uma mulher que se mantivera à espera avançou e tocou com a mão no braço do inspector. O seu rosto transtornado, magro e ansioso, reflectia a visão de um pavor recente.

- Apanhou-os? Encontrou-os? - suspirou.





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