As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 8: O Paciente Internado Pág. 169 / 274

De modo que quando o vi atirar para o lado o jornal e mergulhar numa série de pensamentos, senti-me muito feliz por ter oportunidade de os ler e, eventualmente, conseguir quebrá-los, como prova de que tenho estado em harmonia consigo.

- Mas ainda estou longe de ficar satisfeito. No exemplo que me leu, o raciocinador tirou conclusões das acções do homem que ele observava. Se bem me lembro, ele tropeçou num monte de pedras, olhou para as estrelas, e assim por diante. Mas eu tenho estado sentado muito quieto na minha cadeira e, portanto, que indícios lhe posso ter dado?

- É injusto para consigo. Os traços fisionómicos são dados ao homem como o meio pelo qual ele expressa as suas emoções, e os seus servos são fiéis.

- Quer dizer que leu a série dos meus pensamentos através dos meus traços?

- Os seus traços, e especialmente os seus olhos. Talvez não possa recordar-se de como começou o seu devaneio!

- Não, não posso.

- Então eu lhe direi. Depois de atirar para o lado o jornal, que foi o que me despertou a atenção, você deixou-se ficar por meio minuto com uma expressão vaga. Em seguida, os seus olhos fixaram-se num quadro de moldura nova do general Gordon e vi, pela alteração da sua fisionomia, que uma série ininterrupta de pensamentos tinha começado. Mas não foi muito longe. Os seus olhos voltaram-se para um retrato sem moldura de Henry Ward Beecher, que está por cima dos seus livros. Então passou os olhos pela parede e, sem dúvida alguma, o seu significado era evidente. Estava a pensar que, se o retrato tivesse moldura, cobriria exactamente este espaço vazio e corresponderia ao do Gordon que está ali.

- Você seguiu-me admiravelmente! - exclamei.

- Até onde pude chegar sem me desviar.





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