- Boa noite, doutor - disse Holmes jovialmente. - Estou contente por ver que nos espera há poucos minutos.
- Falou com o meu cocheiro, então?
- Não, foi a vela ao lado da mesa que mo disse. Por favor, sente-se e diga-me em que posso servi-lo.
- O meu nome é Percy Trevelyan - disse o nosso visitante -, moro em Brook Street, 403.
- Não é o senhor o autor de uma monografia sobre lesões nervosas obscuras? - perguntei.
As suas faces pálidas coraram com o prazer de ouvir que a sua obra me era conhecida.
- Tão raramente ouço falar nesta obra que a julgava inteiramente morta - respondeu. - Os meus editores deram-me a mais desencorajadora relação de vendas. O senhor é médico?
- Um cirurgião aposentado do exército.
- O meu passatempo foi sempre a doença nervosa. Gostaria de fazer dela uma especialidade, mas, claro, um homem deve fazer o que pode alcançar primeiro. Entretanto, nada disto vem para o caso, Mr. Holmes. O assunto consiste numa série singular de acontecimentos que ocorreram recentemente na minha casa de Brook Street e esta noite atingiram tal ponto que senti ser inteiramente impossível esperar mais para lhe pedir conselho e assistência.
Sherlock Holmes sentou-se e acendeu o cachimbo.
- O senhor é para nós bem-vindo - disse ele. - Faça-nos, por favor, uma narrativa pormenorizada dos factos que o perturbam.
- Um ou dois são tão triviais - disse o Dr. Trevelyan - que realmente fico envergonhado por mencioná-los. Mas a coisa é tão inexplicável e o recente aspecto que tomou é tão estranho que lhe exporei tudo e o senhor julgará o que é essencial e o que não é.