As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 215 / 274

Voltou para a escrivaninha e rabiscou alguns telegramas que entregou ao paquete. Atirou-se então para uma cadeira em frente da minha e levantou os joelhos até conseguir entrelaçar os dedos, abraçando as pernas longas e delgadas.

- Um assassinatozeco, bem vulgar - disse. Parece-me que você descobriu algo de melhor, Watson. O que é?

Passei-lhe a carta, que leu com a mais concentrada atenção.

- Mas não nos diz muita coisa, não é verdade? - observou quando ma devolveu.

- Quase nada.

- E no entanto a caligrafia é interessante.

- Mas não é a dele.

- Evidentemente. É de mulher.

- É de homem, sem dúvida alguma - exclamei.

- Está enganado. É de mulher; e de mulher de raro carácter. Compreende: no início de uma investigação é já alguma coisa saber-se que o cliente está em íntimas relações, para bem ou para mal, com alguém de excepcional natureza. O meu interesse pelo caso já despertou. Se estiver pronto, partiremos imediatamente para Woking a fim de visitarmos esse diplomata que está metido num caso tão sério e essa senhora a quem ele dita as suas cartas.

Tivemos a sorte de conseguir apanhar um comboio da manhã em Waterloo e, portanto, em pouco menos de uma hora, rodávamos entre os pinheirais e as charnecas de Woking. Briarbrae era uma mansão grande e isolada, no centro de extensas propriedades, a poucos minutos da estação. Ao entregar os nossos cartões de visita, fomos introduzidos numa espaçosa sala de estar, elegantemente mobilada. Aí fomos recebidos por um homem robusto, de encantadora hospitalidade. A sua idade estava mais próxima dos quarenta do que dos trinta anos, mas tinha umas faces tão rosadas e uns olhos tão alegres que dava a impressão de ser um grande menino rechonchudo e traquina.





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