As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 231 / 274

No entanto, não deixou vestígios de água no linóleo, que foi examinado cinco minutos depois da sua passagem. É pois muito provável que tenha utilizado um carro.

- Pelo menos é plausível.

- É um dos indícios de que falei susceptível de nos levar a uma conclusão. E depois, claro, há a campainha, que é o pormenor mais extraordinário do caso. Por que razão soou aquela campainha? Teria sido o ladrão, por bravata? Ou alguém que estaria presente e queria impedir o roubo? Ou simplesmente um acidente? Ou seria... - E mergulhou num profundo e impenetrável mutismo. Porém, acostumado como estava àquelas reacções, pareceu-me que uma nova possibilidade se lhe revelara de súbito.

Eram três e vinte quando terminámos o nosso trajecto. Logo após um almoço apressado, fomos à Scotland Yard. Holmes já havia telegrafado para Forbes, de modo que não estranhámos que este estivesse à nossa espera. Era um homem baixo, manhoso, de expressão severa e de maneiras pouco amáveis. Afivelou uma atitude de frieza, especialmente quando soube da finalidade da nossa visita.

- Já ouvi falar dos seus métodos, Sr. Holmes - disse com brusquidão. - O senhor está sempre pronto a utilizar todas as informações que a polícia põe à sua disposição para resolver os casos sozinho e lançar o descrédito sobre a nossa organização.

- Pelo contrário - respondeu Holmes. - Dos meus cinquenta e três casos, o meu nome só apareceu em quatro, enquanto a polícia colheu todos os louros nos outros quarenta e nove. Não o censuro por não saber isto, já que é ainda novo e inexperiente, mas aviso-o de que, se quiser progredir nas suas novas funções, terá de trabalhar comigo e não contra mim.

- Ficarei satisfeito com uma ou duas sugestões - disse o detective, mudando de atitude.





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