As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 241 / 274

É uma sorte que sejam amigos e antigos colegas, porque assim terão muito que conversar. Mr. Phelps poderá ocupar o quarto de hóspedes esta noite. Amanhã, ao pequeno-almoço, estarei com vocês, visto que tenho um comboio que me deixa em Waterloo às oito.

- Mas, e a nossa investigação em Londres? - lamentou-se Phelps.

- Fá-la-emos amanhã. Creio que, de momento, sou de maior utilidade aqui.

- Importava-se de dizer em Briarbrae que espero voltar amanhã à noite - gritou Phelps, quando o comboio se pôs em marcha.

- Não tenciono voltar a Briarbrae - respondeu Holmes, acenando-nos alegremente, enquanto o comboio se afastava.

Phelps e eu falámos sobre o assunto durante toda a viagem, mas nenhum de nós podia atinar com a razão destas novas medidas.

- Eu, por mim, estou convencido de que ele procura descobrir qualquer indício do ladrão da noite passada, se é que se trata realmente de um ladrão. Mas não me parece que seja um gatuno vulgar.

- Qual é então a sua opinião?

- Pelo que lhe contei, você pode julgar que é tudo causado pelos meus fracos nervos, ou não, mas dou-lhe a minha palavra de honra que acredito que uma profunda intriga política gira à minha volta. Por razões que excedem o meu entendimento, a minha vida está na mira de conspiradores. Isto pode parecer absurdo e bombástico, mas considere os factos! Por que razão escolheria o gatuno a janela de um quarto onde não havia nada para roubar e porque vinha de faca em punho?

- Tem a certeza de que não era um pé-de-cabra?

- Absoluta; era uma faca. Vi distintamente o faiscar da lâmina.

- Mas porque diabo havia você de ser perseguido com tal violência?

- Ora essa é que é a questão.

- Então, partindo do princípio de que Holmes é da mesma opinião, a atitude dele fica explicada, não é assim? Presumindo que a sua hipótese está certa, se ele deitar a mão ao gatuno da noite passada, não terá de ir muito longe para descobrir quem roubou o tratado naval.





Os capítulos deste livro