As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 11: O Problema Final Pág. 254 / 274

- Mas que significa tudo isso.

Estendeu a mão e vi, à luz do candeeiro, que duas das suas articulações estavam feridas e sangravam.

- Isto não foi provocado por ar comprimido - explicou, sorrindo. - Pelo contrário, tinha a solidez bastante para quebrar a mão de um homem. A sua mulher está em casa?

- Não. Foi fazer uma visita.

- Então você está sozinho?

- Completamente.

- Nesse caso, é-me mais fácil propor-lhe que venha comigo ao continente durante uma semana.

- Onde?

- Oh! Para qualquer lugar. Tanto me faz.

Havia algo de estranho em tudo aquilo. Não estava na índole de Holmes ir para férias sem um objectivo. E o seu rosto pálido e encovado dizia-me que os seus nervos estavam na sua máxima tensão. Holmes reparou no meu ar interrogativo: juntou as pontas dos dedos, colocou os cotovelos sobre a mesa e explicou a situação.

- É possível que nunca tenha ouvido falar do professor Moriarty?

- Nunca.

- Ora aí está o génio e a maravilha da coisa - exclamou. - O homem invade Londres e ninguém ouviu falar dele. É o que o coloca no pináculo dos registos do crime. Afirmo-lhe, Watson, com toda a sinceridade, que se eu pudesse derrotar esse homem, se conseguisse livrar a sociedade de tal criatura, sentiria que a minha carreira teria alcançado o seu topo e estaria pronto a dedicar-me a um género de vida mais sossegado. Aqui entre nós, os casos recentes em que prestei auxílio à família real da Escandinávia e à República Francesa proporcionaram-me uma situação que me permitiria continuar a viver tranquilamente e dedicar a minha atenção apenas às pesquisas químicas. Mas eu não conseguiria descansar, Watson, não seria capaz de me sentar repousado na minha cadeira, ao saber que um homem como o professor Moriarty andava pelas ruas de Londres e era inatacável.





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