As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 11: O Problema Final Pág. 255 / 274

- Mas então, que fez ele?

- A sua carreira tem sido extraordinária. É um homem de nascimento nobre e de excelente educação, dotado, pela natureza, de uma fenomenal faculdade matemática. Aos 21 anos escreveu um tratado sobre a teoria binominal que alcançou fama na Europa. Conseguiu assim a cadeira de Matemática numa das nossas universidades menores e tinha, com todas as probabilidades, uma brilhante carreira na sua frente. Mas o homem possuía também tendências hereditárias da mais diabólica espécie. Um fluido criminoso corria-lhe nas veias e os seus extraordinários poderes mentais, em vez de o modificarem, tornaram-no ainda mais perigoso. Rumores sombrios corriam sobre ele na cidade universitária. Por fim, foi obrigado a demitir-se e veio para Londres, onde se fixou como instrutor de armas. Isto é tudo o que o mundo sabe sobre ele, mas o que lhe vou contar agora é o que eu próprio descobri.

»Como você sabe, Watson, ninguém melhor do que eu conhece o mais alto mundo criminoso de Londres. Ora, nestes últimos anos, tem-se em mim fortalecido a convicção de que existe por detrás do delinquente qualquer poder profundo de organização que se atravessa sempre no caminho da lei, protegendo, como um escudo, aquele que procede mal. Em casos da mais variada espécie - falsificações, roubos, assassínios -, senti constantemente a presença dessa força e deduzi a sua acção em muitos desses casos que ficaram por deslindar e para os quais não fui especialmente consultado. Durante anos, esforcei-me por levantar o véu que a ocultava; afinal, surgiu agora o momento em que consegui apanhar um fio e, ao segui-lo, palmo a palmo, depois de milhares de voltas astutas, ele conduziu-me ao ex-professor Moriarry, celebridade matemática.





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