»É o Napoleão do crime, Watson. É o cabecilha de metade do que é mau e de quase tudo o que está escondido nesta grande cidade. Ele é um génio, um filósofo, um pensador abstracto. Tem um cérebro de primeira ordem. Fica imóvel como a aranha na sua teia, mas a sua teia tem milhares de filamentos. Além, disso, conhece perfeitamente os pontos sensíveis de cada um deles. Ele pouco faz, apenas planeia, mas os seus agentes são numerosos e magnificamente organizados. Há um crime a fazer, um documento a subtrair, digamos, uma casa a roubar ou um homem a eliminar... , passe-se a palavra ao professor Moriarty e a coisa organizar-se-á. O agente pode ser preso, logo aparece o dinheiro para a sua fiança ou defesa. Mas o poder central que o utiliza nunca é apanhado... nem uma suspeita, sequer. Foi a existência desta organização que deduzi, Watson. E foi à tarefa de a denunciar e destruir que devotei toda a minha energia.
»Mas o professor tinha-se cercado de salvaguardas tão inteligentemente planificadas que, fizesse eu o que fizesse, parecia impossível arranjar uma única prova susceptível de o incriminar e de o levar a tribunal. Você conhece as minhas aptidões, Watson, e todavia, ao fim de três meses, fui obrigado a admitir que tinha finalmente encontrado um adversário do mesmo nível intelectual. O meu horror pelos seus crimes perdeu-se perante a admiração da sua habilidade. Mas, por fim, ele acabou por dar um passo em falso, um pequeníssimo deslize, apenas, mas de grande monta, estando eu tão perto dele. Tive então a minha oportunidade e, partindo desse ponto, teci a minha teia em redor dele, estando agora tudo a postos para a terminar. Dentro de três dias, quer dizer, na próxima segunda-feira, as coisas estarão maduras e o professor, com todos os principais membros do bando, cairá nas mãos da polícia.
