As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 11: O Problema Final Pág. 270 / 274

Parecia que não teria mais do que umas horas de vida mas seria uma grande consolação para ela ver um médico inglês. Portanto, se eu regressasse, etc... O bom Steiler acrescentava no pós-escrito que ele próprio consideraria a minha anuência como um grande favor pessoal, visto que a senhora se recusara a mandar chamar um médico suíço e ele não podia deixar de sentir que incorria numa grande responsabilidade.

Era impossível ignorar tal apelo. Uma concidadã estava a morrer em terra estrangeira. Mas eu tinha também receio de abandonar Holmes. Depois de muito considerar, combinou-se que o jovem mensageiro serviria de guia ao meu amigo enquanto eu regressava a Meiringen. Holmes ficaria mais um bocado por ali e depois iria pela montanha, sem pressas, até Rosenlaui, onde eu me encontraria com ele ao fim do dia. Quando me pus a caminho, vi Holmes, as costas contra as rochas, os braços cruzados, olhando o ímpeto das águas lá em baixo. Era a última vez que me estava destinado vê-lo neste mundo.

Quando cheguei quase ao fundo da ladeira, olhei para trás; era-me impossível ver a cascata daquela posição, mas podia ver o caminho sinuoso que serpenteia sobre os cumes da montanha. Ao longo deste caminho, lembro-me bem, reparei num homem alto que quase corria. Distingui-lhe a figura negra recortada sobre o fundo verde. Observei-o uma vez mais, mas esqueci-o em breve, preocupado em chegar a tempo para o cumprimento da minha missão.

Devo ter gasto pouco mais de uma hora para chegar a Memngen.

O velho Steiler estava no vestíbulo do hotel.

- Bern, - disse eu, correndo - espero que ela não esteja pior.

Uma expressão de surpresa perpassou pelo rosto enrugado do velho e, ao vê-lo contrair as sobrancelhas, o coração começou a saltar-me no peito.