No entanto, estava destinado, apesar de tudo, a encontrar ainda uma última palavra de saudação do meu amigo e camarada. Junto do bastão de alpinista, apoiado sobre uma rocha que se projectava sobre a berma, algo brilhante chamou a atenção dos meus olhos. Aproximando-me, descobri que se tratava da cigarreira de prata que Holmes trazia sempre consigo. Apanhei-a, e um pequeno rectângulo de papel esvoaçou no solo. Desdobrei-o ansioso: eram três páginas arrancadas à sua agenda e dirigidas a mim. Mas eram também o espelho fiel do carácter de um homem que conseguia, no limiar do inferno, manter uma ordem de pensamento tão precisa e uma caligrafia tão firme e clara como se aquelas linhas tivessem sido escritas, placidamente, no seu escritório.
Meu caro Watson,
Se lhe escrevo estas poucas linhas, devo-o à cortesia de Mr. Moriarty, que, muito delicadamente, me espera para a discussão final das questões que existem entre nós. Deu-me um esboço dos métodos de que se utilizou para evitar a polícia inglesa e se manter informado de todos os nossos movimentos.