O Vale do Terror - Cap. 11: Capítulo 4 – O Vale do Terror Pág. 130 / 172

- Queria perguntar-lhe se, quando se filiou na Sociedade dos Homens Livres de Chicago e fez votos de caridade e lealdade, lhe passou pela cabeça a ideia de que a instituição pudesse um dia conduzi-lo ao crime?

- Se acha que isto é crime! - foi a resposta de Mac Murdo.

- Você ainda viu pouco para poder falar desse modo! É ou não é crime o que foi cometido ontem à noite, quando um homem, suficientemente idoso para ser seu pai, foi espancado até o sangue lhe empastar os cabelos brancos?

- Alguns diriam - respondeu Mac Murdo, - que se trata de uma luta de classes.

- E você pensou nisso, ao tornar-se membro da Sociedade dos Homens Livres, em Chicago?

- Não. Confesso que a ignorava, totalmente.

- Da mesma forma que eu, quando me filiei em Filadélfia. Era apenas uma sociedade benemérita, ponto de reunião de amigos. Ouvi, mais tarde; falar deste lugar e vim para cá, melhorar a vida com a minha mulher e três filhos. Instalei-me na Praça do Mercado com um negócio de arminho e prosperei bastante. Descobriram que eu era Homem Livre e fui forçado a associar-me à Loja local, exactamente como você o fez ontem à noite. Trago no braço o sinal infamante e algo bem pior gravado no coração, pois verifiquei estar sob as ordens de um miserável patife e preso numa rede inextricável de crimes.

»Que podia fazer? Tudo o que dissesse para mitigar a crueldade dos meus companheiros era considerado traição, como você testemunhou ontem. Não posso sair daqui pois tudo o que possuo está investido no meu negócio. Se abandonar a sociedade sei perfeitamente que isso significará a morte para mim e sabe Deus que horrores para minha mulher e filhos.

Cobriu o rosto com as mãos e o seu corpo foi sacudido por soluços convulsivos.





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