O Vale do Terror - Cap. 6: Capítulo 6 – Uma Réstia de Luz Pág. 61 / 172

»Depois de você nos ter deixado, esta tarde, verifiquei que nenhum ruído feito por Mac Donald, no gabinete podia ser ouvido por mim, na despensa, se todas as portas estivessem fechadas. Sucedeu o contrário, porém em relação ao quarto da governanta. Conseguia, aí, perceber vagamente uma voz, desde que o tom fosse alto. O estampido de um tiro pode ser relativamente abafado quando a descarga é feita à queima-roupa, como o foi neste caso.

»Podia não ter sido muito forte mas, mesmo assim, dado o silêncio da noite, devia ter sido ouvido no quarto de Mrs. Allen. Esta é um pouco surda. No entanto, declarou ter ouvido algo semelhante ao bater de uma porta, meia hora antes de ser dado o alarme. Meia hora antes do alarme significa dez e quarenta e cinco. Estou certo de que foi o disparo da arma de fogo o estrondo por ela ouvido e de que foi o momento exacto do crime .

»Se assim é, precisamos de determinar o que Mr. Barker e Mrs. Douglas (admitindo não terem sido eles os verdadeiros assassinos) estavam a fazer, das dez e quarenta e cinco, ou seja, o instante em que o estrondo do tiro os fez descer, até às onze e um quarto, quando tocaram à campainha e chamaram os criados. Que estavam a fazer e porque não deram imediatamente o alarme? Este é o problema que temos de resolver e, quando o tivermos deslindado, estaremos próximos da solução final.

- Pessoalmente também estou convencido de que, entre os dois, deve existir um entendimento. Ela deve ser uma, criatura desalmada para estar a rir, poucas horas após o assassínio do marido.

- Exactamente. Ela não dá a impressão de uma verdadeira esposa, mesmo quando descreve os factos ocorridos. Não sou admirador incondicional do belo sexo, como você bem sabe, Watson, mas a minha experiência da vida ensinou-me que é rara a mulher que, com um mínimo de consideração pelo marido, encontra consolação nas palavras de qualquer homem a ponto de abandonar o cadáver do consorte.





Os capítulos deste livro