Cândido - Cap. 27: CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla Pág. 107 / 118

Levai-me por isso num relâmpago. Não, levai-me antes a casa da menina Cunegundes.

O levantino, assim que ouviu a primeira parte da resposta de Cândido, aproou logo a galera para a cidade e fê-la voar.

Cândido abraçou o barão e Pangloss centenas de vezes.

- Então como é que vos não matei, meu caro barão? E vós, meu caro Pangloss, como pudestes sobreviver ao enforcamento? E porque estáveis ambos nas galés da Turquia?

- É certo que a minha querida irmã está neste país? - perguntava o barão.

- Sim - respondia Cacambo.

- Que felicidade voltar a ver o meu caro Cândido! - exclamava Pangloss.

Cândido apresentou-lhes Martin e Cacambo. Abraçavam-se todos, falavam todos ao mesmo tempo. A galera voava, encontravam-se já no porto. Chamaram um judeu, a quem Cândido vendeu por cinquenta mil cequins um diamante que valia cem mil e que lhe jurou por Abraão que não podia dar mais. Cândido pagou imediatamente o resgate do barão e de Pangloss, lançando-se-lhe este último aos pés e banhando-lhos de lágrimas. O outro agradeceu-lhe com uma ligeira inclinação de cabeça e prometeu restituir-lhe a importância do resgate na primeira ocasião.

- Mas é possível que a minha irmã esteja na Turquia? dizia ele.

- Não só é possível- respondia Cacambo -, como até está a lavar as escudelas dum príncipe da Transilvânia.

Chamaram imediatamente dois judeus. Cândido vendeu mais alguns diamantes e meteram-se todos noutra galera para irem libertar Cunegundes.





Os capítulos deste livro

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1 CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4 CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7 CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10 CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14 CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18 CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20 CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23 CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27 CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29 CAPÍTULO XI - História da velha 32 CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36 CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40 CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43 CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47 CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50 CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54 CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58 CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64 CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70 CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73 CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75 CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87 CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89 CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94 CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100 CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104 CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108 CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111 CAPÍTULO XXX – Conclusão 113