Cândido - Cap. 30: CAPÍTULO XXX – Conclusão Pág. 117 / 118

Todos sabemos como pereceram Creso, Astiages, Daria, Dinis de Siracusa, Pirro, Perseu, Aníbal, Jugurta, Ariovisto, César, Pompeu, Nero, Otão, Vitélio, Dimiciano, Ricardo II de Inglaterra, Eduardo II, Henrique VI, Ricardo III, Maria Stuart, Carlos I, os três Henriques de França; o imperador Henrique IV Sabeis também...

- O que também sei - disse Cândido - é que é preciso cultivar o nosso jardim.

- Tendes inteira razão - disse Pangloss -, pois quando o homem foi posto no jardim do Éden, foi ali posto para trabalhar, ut opereratur eum, o que prova que não foi criado para o repouso.

- Trabalhemos e deixemo-nos de discursos - disse Martin -; é o único meio de tornar a vida suportável.

Toda esta pequena sociedade se pôs de acordo neste louvável propósito e cada um deles tratou de exercer os seus talentos.

A pequena propriedade rendeu cada vez mais. Cunegundes era, na verdade, muito feia, mas tornou-se uma excelente doceira. Paquette bordava e a velha tratava das roupas.

Ninguém ficou sem trabalho, mesmo o irmão Giroflée, que se tornou um bom carpinteiro e se emendou dos seus vícios. Pangloss dizia algumas vezes a Cândido:

- Todos os acontecimentos se encadearam no melhor dos mundos possíveis, pois, em suma, se não tivésseis sido expulso a pontapés de um belo castelo por amor da menina Cunegundes, se não tivésseis sido aprisionado pela Inquisição, se não tivésseis corrido a América a pé e dado uma espadeirada ao barão, se não tivésseis perdido todos os carneiros do Eldorado, não estaríeis agora aqui a comer amendoins e cidras doces.

-Tudo isso é muito bonito - respondia Cândido -, mas o que é preciso é cultivar o nosso jardim.

FIM





Os capítulos deste livro

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1 CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4 CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7 CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10 CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14 CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18 CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20 CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23 CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27 CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29 CAPÍTULO XI - História da velha 32 CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36 CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40 CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43 CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47 CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50 CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54 CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58 CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64 CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70 CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73 CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75 CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87 CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89 CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94 CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100 CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104 CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108 CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111 CAPÍTULO XXX – Conclusão 113