Cândido - Cap. 14: CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai Pág. 44 / 118

É a obra-prima da razão e da justiça. Quanto a mim, nada há de mais divino que estes padres, porque fazem aqui a guerra aos reis de Espanha e de Portugal e na Europa são os confessores destes reis. Aqui matam espanhóis, em Madrid mandam-nos para o Céu. Isto maravilha-me. Continuemos. Sereis o mais feliz dos homens! Como os padres vão ficar contentes quando souberem que terão ao seu serviço um capitão que conhece o exercício búlgaro!

Assim que chegaram às guardas-avançadas, Cacambo foi dizer à sentinela que um capitão desejava falar com o monsenhor comandante. Foram prevenir o quartel-general e um oficial paraguaiano correu a dar a notícia ao comandante. Cândido e Cacambo foram imediatamente desarmados e despojados dos seus dois cavalos andaluzes. Os dois foram obrigados a passar entre duas filas de soldados. O comandante estava na extremidade, de tricórnio na cabeça, batina arregaçada, a espada à cinta e o espontão na mão. Fez um sinal e logo vinte e quatro soldados cercaram os dois recém-chegados. Um sargento explicou-lhes que era preciso esperar, pois que o comandante não lhes podia falar, já que o reverendo padre provincial não permitia que espanhol algum abrisse boca senão na sua presença nem permanecesse mais de três horas no pais.

- E onde está o reverendo padre provincial? - perguntou

Cacambo.

- Foi passar revista às tropas, depois de ter dito missa - respondeu o sargento. - Não podereis beijar-lhe as esporas antes de três horas.

- Mas -, perguntou Cacambo - não poderíamos almoçar enquanto esperamos Sua Reverência, já que o Sr. Capitão não é espanhol, e sim alemão, e morre de fome?

O sargento foi imediatamente comunicar esta conversa ao comandante.





Os capítulos deste livro

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1 CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4 CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7 CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10 CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14 CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18 CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20 CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23 CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27 CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29 CAPÍTULO XI - História da velha 32 CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36 CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40 CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43 CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47 CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50 CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54 CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58 CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64 CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70 CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73 CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75 CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87 CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89 CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94 CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100 CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104 CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108 CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111 CAPÍTULO XXX – Conclusão 113