Cândido - Cap. 25: CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano Pág. 99 / 118

Depois de terem assim passado em revista todos os livros, desceram ao jardim. Cândido gabou-lhe todas as belezas.

- Não conheço nada de tão mau gosto - disse o dono -, só temos aqui vulgaridades, mas amanhã mandarei plantar um jardim de desenho mais nobre.

Quando os dois curiosos se despediram de Sua Excelência, Cândido disse a Martin:

- Ora bem, deveis concordar que este homem é o mais feliz de todos os homens, porque está acima de tudo o que possui.

- Não é bem isso - disse Martin -, mas sim um homem que está aborrecido com o que tem. Platão disse há muito que os melhores estômagos não são os que rejeitam todos os alimentos.

- Mas - disse Cândido - não há prazer em criticar tudo, em reconhecer defeitos onde os outros julgam ver belezas?

- Quer dizer - observou Martin -, em ter prazer em não ter prazer.

- Muito bem - disse Cândido -; só haverá um homem feliz, que serei eu quando tornar a ver a menina Cunegundes.

- Sempre é bom ter esperança - disse Martin. Entretanto, passavam os dias e as semanas. Cacambo não aparecia e Cândido estava tão mergulhado na sua dor que não reparou que nem Paquette nem o Irmão Giroflée tinham voltado, ao menos para lhe agradecerem.





Os capítulos deste livro

CAPÍTULO I - Como Cândido foi educado num belo castelo e porque dele foi expulso 1 CAPÍTULO II - O que aconteceu a Cândido entre os Búlgaros 4 CAPÍTULO III - Como Cândido se livrou dos Búlgaros e o que lhe aconteceu 7 CAPÍTULO IV - Como Cândido encontrou o seu antigo mestre de filosofia, o Dr. Pangloss, e o que lhe aconteceu 10 CAPÍTULO V - Tempestade, naufrágio, tremor de terra, e o que aconteceu ao Dr. Pangloss, a Cândido e ao anabaptista Tiago 14 CAPÍTULO VI - Como se fez um belo auto-de-fé para impedir os tremores de terra e como Cândido foi açoitado 18 CAPÍTULO VII - Como uma velha cuidou de Cândido e ele encontrou aquela que amava 20 CAPÍTULO VIII - História de Cunegundes 23 CAPÍTULO IX - O que aconteceu a Cunegundes, a Cândido, ao inquisidor-mor e ao judeu 27 CAPÍTULO X - Em que angústia Cândido, Cunegundes e a velha chegam a Cádis e como embarcaram 29 CAPÍTULO XI - História da velha 32 CAPÍTULO XII - Continuação da história das desgraças da velha 36 CAPÍTULO XIII - Como Cândido foi obrigado a separar-se da bela Cunegundes e da velha 40 CAPÍTULO XIV - Como Cândido e Cacambo foram recebidos entre os jesuítas do Paraguai 43 CAPÍTULO XV - Como Cândido matou o irmão da sua querida Cunegundes 47 CAPÍTULO XVI - O que aconteceu aos dois viajantes com duas raparigas, dois macacos e os selvagens chamados Orelhões 50 CAPÍTULO XVII - Chegada de Cândido e do seu criado ao país do Eldorado e o que aí Viram 54 CAPÍTULO XVIII - O que viram no país do Eldorado 58 CAPÍTULO XIX - O que lhes aconteceu em Suriname e como Cândido conheceu Martin 64 CAPÍTULO XX - O que aconteceu no mar a Cândido e a Martin 70 CAPÍTULO XXI - Cândido e Martin aproximam-se das costas de França e filosofam 73 CAPÍTULO XXII - O que aconteceu em França a Cândido e a Martin 75 CAPÍTULO XXIII - Cândido e Martin dirigem-se para as costas de Inglaterra e o que por lá vêem 87 CAPÍTULO XXIV - De Paquette e do Irmão Giroflée 89 CAPÍTULO XXV - Visita ao Sr. Pococuranté, nobre veneziano 94 CAPÍTULO XXVI - De uma ceia que Cândido e Martin tiveram com seis estrangeiros e quem eles eram 100 CAPÍTULO XXVII - Viagem de Cândido para Constantinopla 104 CAPÍTULO XXVIII - O que aconteceu a Cândido, Cunegundes, Pangloss, Martin, etc. 108 CAPÍTULO XXIX - Como Cândido reencontrou Cunegundes e a velha 111 CAPÍTULO XXX – Conclusão 113