Notei que o meu pobre e apaixonado Sexta-Feira, durante esta ocupação, se voltava, cada dois minutos ou talvez menos, para ver se o pai permanecia no mesmo sítio em que ele o deixara. Uma das vezes, não o vendo, levantou-se sem dizer palavra e correu para ele com tamanha rapidez que os pés mal lhe tocavam no solo; mas quando chegou lá e viu que o pai se tinha deitado para dar descanso aos seus membros doloridos, voltou para onde eu me encontrava. Supliquei então ao espanhol que permitisse a Sexta-Feira que o amparasse a fim de o conduzir à canoa, e ser assim transportado para nossa casa, onde lhe seria prodigalizada toda a espécie de cuidados. Mas Sexta-Feira, que era tão robusto como ágil, carregou com ele às costas e levou-o para a canoa, onde o sentou com muito cuidado sobre uma das bordas, com os pés virados para a parte interior; depois, tornando a levantá-lo, colocou-o junto do pai. Em seguida, tendo saído da canoa, lançou-a ao mar, e seguiu a costa remando; apesar do forte vento reinante, fê-la avançar com mais rapidez do que eu podia andar. Conduziu-os desse modo até à pequena enseada sem perigo algum e, deixando-os a bordo, correu a buscar a outra piroga. Quando passou junto a mim perguntei-lhe onde ia e respondeu-me:
- Vou buscar mais pirogas.
Dito isto, partiu como um raio, pois seguramente nunca homem nem cavalo correu mais do que ele. Conduziu a segunda canoa para a enseada com quase tanta rapidez como eu por terra.