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São no fundo duas negações que a palavra «imoralista», para mim, implica. Nego, por um lado, o tipo de homem que até agora era valorizado como superior, o homem «bom», «benévolo», «caridoso»; nego, por outro 'lado, a espécie de moral, que, como moral, em si se tornou relevante e dominadora - a moral da decadência, e, de maneira mais precisa, a moral cristã. Será lícito considerar, como mais decisiva, a segunda contradição, visto que o demasiado alto apreço pela bondade e pela benev0'lência me aparece já, de maneira geral, corno resultado de decadência, como sintoma de fraqueza, como incompatível com uma vida elevada e afirmativa: pois que a condição de afirmar está na ciência de negar e destruir.
Vou deter-me, primeiramente, na psicologia do homem bom. Para apreciar o valor de um tipo humano, requere-se calcu1ar o preço da sua conservação, - requere-se conhecer as suas condições de existência.