As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 214 / 274

Agora já estou consciente, embora não me atreva a pensar muito no assunto, com medo de uma recaída. Estou ainda tão fraco que sou obrigado a ditar, como você vê, as minhas cartas. Experimente trazê-lo.

Seu antigo colega,

Percy Phelps

Havia, nesta carta, qualquer coisa que me tocou. Fazia pena os insistentes pedidos para levar Holmes quando o visitasse. Tão comovido fiquei que, mesmo que fosse difícil, tentaria; mas sabia, é certo, que Holmes amava tanto a sua arte que estava sempre pronto a prestar o seu auxílio se um cliente dele precisasse. Minha mulher concordou em que não se podia perder um momento para apresentar o caso a Sherlock Holmes. Assim, uma hora depois do pequeno-almoço já eu me encontrava, uma vez mais, na antiga casa de Baker Street.

Holmes estava ainda de roupão, sentado junto da mesa e duramente empenhado numa investigação química. Uma grande retorta fervia furiosamente sobre a chama azulada de um bico de Bunsen. Gotas destiladas iam-se condensando numa medida de dois litros. O meu amigo quase nem me olhou quando entrei e eu, vendo que a investigação devia ser de muita importância, sentei-me numa poltrona e esperei. Ele pegava nesta ou naquela garrafa, tirando de cada uma algumas gotas com a sua proveta de vidro. Finalmente tirou de cima da mesa um tubo de ensaio contendo uma solução; tinha na mão direita uma tira de papel tornassol.

- Você chegou no momento crítico, Watson - disse -, se este papel continuar azul, está tudo bem. Se ficar vermelho, significa a vida de um homem. - Mergulhou-o na proveta e a tira enrubesceu-se imediatamente, num vermelho pesado e sujo.

- Hum! Já calculava - exclamou. - Estarei às suas ordens num instante, Watson.





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