Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 224

Capítulo 12: O Combate Final

Página 224

Eneias, irritado e preocupado com a sorte dos seus guerreiros, pediu-lhes que abrissem a ferida com uma ponta afiada e lhe permitissem voltar ao combate. Apresentou-se então ao herói valoroso, que estava de pé, apoiado na sua comprida lança, Iápis, filho de Iaso, e sacerdote de Apolo, a quem o deus, por muito amar, ensinara pessoalmente as artes médicas, os vaticínios, a música com a citara, bem como curar as velozes setas. O velho lápis sentou-se ao lado do guerreiro e banhou o seu ferimento com água do rio, que retirava de uma cuia onde dissolvera o pó de várias ervas. Com uma pinça tentou arrancar o farpão malévolo, mas a operação foi inútil. Não o ajudavam naquele momento as artes de Apolo. O horror ia tomando conta de todos, à medida em que se aproximava o fragor da batalha. O ar começava a encher-se de poeira e as primeiras setas e dardos principiavam a cair sobre o acampamento. Os cavaleiros já se aproximavam e tudo parecia perdido.

Então Vénus, penalizada pela cruel dor infligida ao filho, foi como mãe carinhosa ao monte Ida, na ilha de Creta, onde colheu o dictamno, caule felpudo de grandes folhas e flores avermelhadas, planta que as cabras, quando feridas, comem. Envolta em invisível nuvem, a deusa aproximou-se de Iápis e esmigalhou alguns botões da planta benfazeja dentro da água com que o médico tentava curar o rei, adicionando ao líquido miraculosa ambrósia e panaceia, que tudo cura. Mal uma gota do preparado divino caíra sobre a ferida, a hemorragia cessou e a dor aliviou. Puxando suavemente a ponta do ferro assassino, Iápis conseguiu retirá-lo com facilidade. De imediato, Eneias sentiu voltarem-lhe as forças e levantou-se. Bradou então o médico:

— Tragam-lhe as armas, que não foram minhas as artes que o curaram. Há um deus a agir por aqui.

Eneias tornou a vestir a sua armadura, empunhou a espada e a lança e, depois de abraçar Ascânio, despedindo-se, partiu rápido para a batalha, seguido de perto por Anteu e Mnesteu e todo um cerrado batalhão. Então, a planície turvou-se com a poeira levantada e a terra tremia, abalada, sob os pés da falange troiana, que avançava.

<< Página Anterior

pág. 224 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 224

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215