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Capítulo 2: Partem os Troianos

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Três dias e três noites ficaram assim vagando ao sabor dos ventos na negra cerração. No quarto dia avistou-se terra, com montes e fumo. Arriando as velas, os marujos lançaram-se aos remos e já os barcos fendiam a espuma branca, varrendo as águas azuladas. As terras que se aproximavam eram duas ilhas do mar Jónio, que os gregos denominavam Esrrófades. Lá habitavam as Harpias e a sua rainha, a cruel Celeno, depois de expulsas da casa do rei Fineu da Trácia. Como castigo ao ultraje sofrido, os deuses tinham cegado o soberano, que sofrera enormes tormentos nas mãos dos malvados seres alados.

Aquelas horrendas criaturas tinham rostos de mulher, pálidos e famintos, asas, corpo e garras semelhantes às das aves de rapina. Jamais se levantaram das regiões infernais monstros mais repulsivos ou ferozes que aqueles. Tudo se estragava ao seu toque imundo e o mau cheiro exalado pelos seus corpos odiosos era insuportável aos homens. I Logo que entraram no porto, os troianos divisaram alegres rebanhos de bois e cabras pastando pelos campos. A eles se lançaram imediatamente, oferecendo parte das presas em holocausto a Júpiter e aos deuses menores. Preparavam-se para a refeição ali mesmo na praia, dispondo copiosas iguarias na mesa, quando de súbito desceram do céu as horrendas Harpias que, sacudindo as asas e emitindo gritos agudos, roubaram o alimento e tudo mancharam com o seu tacto imundo. Delas elevava-se uma voz sinistra. Logo os companheiros de Eneias procuraram um lugar bem abrigado, numa reentrância da praia, sob uma rocha côncava e bem cercado de árvores. De novo puseram as mesas e prepararam o fogo dos altares. De pontos obscuros do céu surgem novamente os monstros alados em grande alarido. Com as unhas retorcidas atacaram as iguarias, sujando-as com a boca.

Eneias decide, então, atacar os seres odiosos e ordena aos seus companheiros que escondam as espadas e os escudos sob as ervas. Advertidos por um sinal de trombeta de Miseno, que ficara num observatório à espreita do terceiro ataque, os troianos acometeram contra as aves. Mas de nada lhes valeram o ferro e o bronze das armas, pois as Harpias, imortais que eram, nada sofriam com os seus golpes. Não obstante, fugiram para os céus com um alarido ensurdecedor.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 25

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215