Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 62

Capítulo 4: Eneias e Dido

Página 62

Dido e o chefe troiano refugiaram-se na mesma gruta e nela a deusa guardiã dos votos do matrimónio uniu-os casamento.

Os céus, testemunhas dos ritos nupciais, relampejavam e as ninfas nos altos das montanhas gritavam de alegria em louco desvario. E esse seria o primeira dia da fatídica sorte que se abateria sobre a infeliz Dido.

O Boato correu célere pelo interior do paus, pelas cidades e pelas aldeias. De todos os deuses, é ele o mais rápido e o mais perverso. Pequeno, ao principio, vai-se insinuando com medo por entre as multidões que conversam, mas logo cresce e, dentro em pouco, é um gigante, de cabeça nas nuvens, que corre sobre o solo: monstro tão rápido de pés e asas que a verdade, por mais que se apresse, nunca o alcança. Cada pena do seu corpo inchado tem um olho vigilante—é digno de ser dito —, outras tantas línguas vibrantes, outras tantas bocas sussurrantes e outros ouvidos atentos. Voa através da escuridão da noite sem nunca dormir. Durante o dia, senta-se nos telhados altos e nas torres, proclamando o falso e o verdadeiro, mas apresentando-os, traiçoeiramente, como verdade.

Agora, juntando pedaços de conversas, de rumores, misturando a meã tira e a verdade, contava que Dido se juntara a Eneias, de sangue troiano e que os dois estavam a passar o inverno inteiro em ociosidade irresponsável, negligenciando os seus deveres para com súbditos e reinas. E, assim a fera divindade espalhou pelo reino e pelas regiões limítrofes o boato infame, que crescia cada vez mais à medida em que ia avançando.

Chegando aos ouvidos do rei Iarbas, essa noticia inflamou-lhe os animo e exacerbou-lhe a cólera. Filho de Anion e da raptada ninfa Garamantes levantara ele cem templos a Júpiter em cujos cem altares se guardava o fogo eterno em honra ao Pai do Céu e repetidas vezes se faziam sacrifícios de ovelhas e se colocavam grinaldas festivas às portas. E eis que larbas, rei dos getúlios, encolerizado com o boato, assim se queixou a Júpiter, elevando-lhe as mãos defronte dos altares, entre as estátuas dos deuses.

<< Página Anterior

pág. 62 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 62

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215