Amanhecera.
Aquele sobressalto, tão impensado, revocou o cavaleiro ao sentimento da sua situação. Ajoelhou junto de Hermengarda e, pegando-lhe na mão já fria, beijou-lha. Nas raias da vida, aquele beijo, primeiro e último, era purificado pelo hálito da morte que se aproximava: era inocente e santo, como o de dois querubins ao dizer-lhe o Criador: «Existi!»
Depois ergueu-se, vestiu a sua negra armadura, cingiu a espada, lançou mão do franquisque e, rompendo por entre o tropel, que fizera silêncio ao vê-lo, desapareceu através da porta da gruta, cujas rochas tingia cor de sangue a dourada vermelhidão da aurora.