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Degenerados netos, ousaremos
Nossos livres avós taxar de bárbaros?
XIII
Vira o Tejo suas águas cristalinas
Roxas ali de sangue; e o breve espaço
Do curvo esquife não tivera as iras
Da mal-avença aos dous, se um poder alto,
Tão forte quanto é meigo, não viera
Intervir na disputa malferida.
Num canto do escaler, humilde e absorto
Em pensamentos que não são da terra
Um velho, em que até’li não atentaram
Indiferentes olhos, se assentara.
Alvejavam-lhe as cãs das longas barbas
No burel negro que lhe cobre o peito.
O tempo, que tão longo tem passado
Pela acurvada frente, lhe ceifara
Messes em que talvez a mocidade
Viçosa lourejou: hoje o que resta,
- Raro respigo ao segador caído -
Tira à cor baça do ligado argento.
Como que a humanas cousas retirados,
Se encovaram nas faces descaídas
Os olhos, onde a luz quase assemelha
À lâmpada que ardeu no tabernáculo
Inteira a noute, e ao arraiar do dia
Falece à míngua d’óleo.