única esp’rança
Do reino, que, inda mal! já tanto inclina
Da primeira grandeza! - Ah! confiança
Tenho que inda haverá nesse conselho
Um português que português lhe fale,
E com a respeitosa liberdade
Que é nossa natural e um bom rei preza...
Preze ou não, deve ouvi-la: mau conselho
Dará sempre o que, ao dá-lo, se arreceia
Da verdade que diz. - É tarde, é tarde;
Fomos, não somos já.» Continuaram
Em práticas iguais os dois amigos;
Mas o Luso, a quem n’alma se alevantam
Ideias que as da pátria suspenderam,
Dest’arte diz - «Amigo, um dever triste
Me chama, a quê não sei: cobre-o mistério
Com véu impenetrável. Minha vida
Toda há sido de estranhas aventuras.
Quem sabe? - acabará por esta agora.
É de fracos temer, mas de prudentes
Acautelar-se é lei. Meu haver único,
Todos os meus tesouros são um livro.