.. - Mudo e sem vida
Horas longas fiquei parado, extático,
No coração a carta, os olhos fitos
Na avara gelosia. Alta ia a noute;
Água acima passava uma falua:
Bradei, acodem, a Lisboa volto,
E ao outro dia, na maré da tarde,
Da popa dum galeão via fugindo
O Tejo, as suas ribas deliciosas,
Depois a terra; - alfim o céu e as águas
Sós com minhas tristezas me ficaram.
VI
Próspero o vento foi. Por esses mares
Que humana geração jamais abrira,
Seguindo fomos o atrevido esteiro
Do grande Vasco. À sestra nos ficavam
As mauritanas várzeas tão regadas
De sangue luso. Vimos a frondosa.
Vicejante Madeira, a primogénita
De nossas descobertas, e a mais bela
De quantas pelo Atlântico dispersas
O generoso Henrique adivinhara.
Massília estéril, e os queimados serros
Donde o Sanagá negro se despenha,
Passámos, o Arsinário cabo vendo,
Que Verde em seu extremo apelidámos.