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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 113

O avarento mais insaciável ter-se-ia corrigido se se encontrasse no meu lugar, porque possuía uma porção de coisas sem saber o que fazer delas. Nada desejava, à excepção de algumas bagatelas que me teriam sido muito úteis. Tinha, conforme já mencionei, uma pequena soma em oiro e prata, que ascendia, pouco mais ou menos, a trinta e seis libras esterlinas. Pobre de mim! Nenhum uso podia fazer daquele metal olvidado num rincão, e muitas vezes pensava que trocaria de bom grado um punhado dele por alguns rolos de tabaco ou por um moinho manual para moer grão, assim como também daria com alegria o valor de doze soldos de Inglaterra por um pouco de sementes de nabos e cenouras, ou por alguns punhados de ervilhas e favas e uma garrafa de tinta. A moeda não me servia para nada: a própria' humidade da caverna a oxidava durante a estação chuvosa, dentro da gaveta onde a pusera. Mesmo que ela estivesse cheia de diamantes, não lhe teria dedicado qualquer atenção,

A partir de então, a minha vida foi mais tranquila do que antes, e mais proveitosa, tanto para a alma como para o corpo. Muitas vezes, quando me sentava para comer, dava graças a Deus e admirava a sua Providência ao ver a minha abundante comida naquele deserto. Aprendera a considerar a minha posição mais pelo lado bom do que pelo mau, e os meus prazeres mais do que as minhas privações, e com isto experimentava algumas vezes um secreto bem-estar que eu mesmo não chegava a compreender. Chamo a atenção para isto a fim de servir de exemplo àqueles que não desfrutam como devem dos bens que Deus lhes concedeu, porque ambicionam os que não têm. A aflição que nos causa o que não temos parece-me derivar da ingratidão que manifestamos pelo que possuímos.

Passava horas, ou melhor, dias inteiros a imaginar com as cores mais vivas o que seria de mim se não tivesse tirado nada da embarcação. Como poderia encontrar alimentos, a não ser peixe e tartarugas? E mesmo antes de os descobrir teria tido tempo de morrer de fome; ou se houvesse podido subsistir, teria vivido como um selvagem.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 113

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236